quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Em eleição, o mais importante é enxergar lá longe


Interessante o Ex-Blog desta terça-feira, 21, em que Cesar Maia procura comparar a próxima eleição para Governador do Estado do Rio de Janeiro com a de 98, quando se candidataram, entre outros, Luiz Paulo Correa da Rocha (PSDB, PMDB, PSD, PL e apoiado pelo então governador Marcello Alencar), Garotinho (da coligação PDT, PT,PSB, PC E PCdoB) e o próprio Cesar Maia (DEM, PP e PTB). A tese de Cesar Maia procura usar isso como exemplo negativo para o PMDB de Sérgio Cabral. Afinal, “Luiz Paulo partiu com os mesmos 5% de Pezão” e chegou ao final com “8% sobre o total dos votos emitidos” (15,51% dos votos válidos, enquanto Garotinho teve 46,86% e o próprio Cesar Maia 34,30%). Claro que é um exemplo a se considerar, mas sob outro enfoque.
Fiz a campanha de Garotinho em 98 (a partir de 16 de junho) e desde o começo o adversário principal era Cesar Maia. Em maio, eles estavam na faixa dos 30%, enquanto Luiz Paulo patinava na faixa dos 3 a 5%. Isso permaneceu assim até julho/agosto, quando Garotinho começa a descolar de Cesar Maia e pula para a faixa dos 40%. Garotinho, além de representar a união de Interior e Baixada, representava a união das forças populares (Brizola) com a classe média progressista, de esquerda, representada por PT, PSB, PCB e PCdoB. Luiz Paulo era apoiado pelo governador que teria traído o trabalhismo e privatizado, como bem aponta a Wikipédia, “uma série de empresas estatais como a CERJ (Companhia de Eletricidade do Estado do Rio de Janeiro), BANERJ (Banco do Estado do Rio de Janeiro), CONERJ, TELERJ, CEG (Companhia Estadual de Gás), Flumitrens e o próprio Metrô e ainda extinguiu a CTC-RJ (Companhia de Transportes Coletivos do Estado do Rio de Janeiro)”.
Garotinho, que tinha sido considerado o melhor prefeito (Campos) do Brasil, na época representava também “sinceridade”, “juventude”, “obras mais humanas”, “povo”. Cesar Maia, que não soube aproveitar as suas grandes realizações como Prefeito do Rio, ficou associado (segundo quali que realizamos) a “falsidade”, “arrogância”, “elite”, “não gosta de povo” (declaração de que ia jogar creolina nas calçadas para afastar os moradores de rua foi crucial). Nesse embate entre “povo” e “anti-povo”, não sobrou espaço para Luiz Paulo, nem com toda a máquina que existisse.
O cenário hoje é bem diferente. Há dois candidatos em disputa séria (Lindberg, do PT, e Pezão, do PMDB) e dois (Crivella, do PRB, e Garotinho, do PR) que, apesar de liderarem as pesquisas no momento, não parecem que disputam pra valer. Parecem muito mais dispostos a negociar apoio ou a se cacifar e cacifar os seus partidos para as próximas eleições. Ao contrário do que propõe Cesar Maia, hoje vale muito mais olhar pra frente do que olhar pra trás.

Leiam o texto do Ex-Blog:
ELEIÇÃO NO RIO: PMDB PODERIA OLHAR TAMBÉM PARA TRÁS!
       
1. (Ex-Blog) Em 1998 o PSDB, no governo, lançou o vice-governador e secretário de obras, Luiz Paulo Correa da Rocha, candidato a governador. O PMDB apoiou e Luiz Paulo passou a ter um enorme tempo de TV. O governador Marcelo Alencar enfrentava desgaste, mas nada comparado com Sérgio Cabral agora. O PSDB tinha 46 prefeitos e praticamente todos os da região metropolitana. A campanha do PSDB foi feita por Duda Mendonça. Luiz Paulo partiu com os mesmos 5% de Pezão. Subiu e chegou a 8% sobre o total dos votos emitidos.

Obs.: a ilustração acima foi transformação de uma que encontrei na internet.