sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

A manchete do dia é do Meia Hora



Cesar Maia e o fim do PSDB


No seu Ex-Blog de hoje, Cesar Maia (DEM) sintetiza muito bem a agonia tucana. Diante da movimentação de Aécio, de Fernando Henrique e de outros líderes pela "refundação" programática do partido, Cesar Maia é bem preciso: "o problema principal não está aí, mas na marca de identidade do partido, que se esvaiu". Me parece que esse é um risco que todo partido corre quando faz alianças extremadas para garantir o poder e, tempos depois, perde o poder. O PSDB chegou ao poder central - e manteve-se no topo durante muito tempo - graças à sua guinada para a direita, aliando-se ao PFL (ex- Arena e agora DEM) e seu caminhão de votos no Nordeste. Ao perder o Nordeste para o PT de Lula, o PSDB perdeu o rumo e vive um momento meio zumbi. O PT também tem feito alianças bastante questionadas, por parecerem afastar o partido de seus princípios. Mas o PT tem fundamentos bem melhores do que o PSDB, o próprio Cesar Maia reconhece isso. O PT nasceu do encontro das organizações clandestinas de esquerda, da Igreja Católica e do sindicalismo do ABC paulista, tendo como amálgama imediato o combate não armado à ditadura. Havia certa estreiteza original com a defesa de um “governo dos trabalhadores” (ou seja, do “socialismo já”), mas isso pôde ser superado (com forte influência de José Dirceu) com a defesa de um “governo democrático e popular”.  O PT ainda mantém sua identidade bem viva, ao contrário do PSDB que teve a sua identidade... qual era mesmo? Vale a pena ler o Ex-Blog:
RISCOS PARA O FUTURO DO PSDB!
1. Os principais líderes do PSDB, a começar por FHC e Aécio, falam em refundação, em renovação programática... Tudo bem. Mas o problema principal não está aí, mas na marca de identidade do partido, que se esvaiu. Pode-se dizer que essa é uma característica de todos os partidos brasileiros, com exceção – ainda – do PT, por sua conexão sindical. Mas não era do PSDB (e não era do PFL). Agora é. Bom que se refunde e que tenha um programa renovado, mas isso não resolve o problema de identidade.
2. Porém, há um risco transversal e mortal para o PSDB. E há referência disso em sua própria história. Seu núcleo paulista, no governo Montoro, abriu as portas para o PSDB sair do PMDB como uma costela de qualidade, diferenciando-se do “franciscanismo” imperante no PMDB de SP, como se dizia. Deu certo: o PMDB de S. Paulo, com o tempo, se desintegrou.
3. Ficou o PSDB que, com suas marcas de identidade (modernidade, grandes quadros, classe média, apoio do alto empresariado...), atraiu quadros nacionais e construiu um binário  – PT/PSDB – na cabeça dos analistas e da imprensa. Esse binário terminou de ser desmontado na eleição de 2012. Talvez por isso a disposição de renovação e a antecipação de candidatura presidencial por FHC. Nos EUA, com “primárias”, a dinâmica é muito diferente.
4. Mas há uma questão crítica e grave. A coluna Painel da Folha de SP (23) informa: “Serra tem demonstrado a aliados preocupação com o cenário eleitoral para Alckmin em 2014. Ele tem insistido na importância de tentar preservar a aliança com o PSD de Kassab”. Com a “franciscanização” quase generalizada da política brasileira, o poder de atração de um partido articulado por experimentados cardeais da “franciscanização”, será o golpe final na dissolução da identidade do PSDB de SP com a liquidação de vez do sistema binário imaginado.
5. Em poucas palavras: o PSD pode ser para o PSDB o que o PSDB foi para o PMDB em S. Paulo.
6. Nesse momento, o alto empresariado já não tem o PSDB como partido preferencial e circula com desenvoltura e intimidade entre o Instituto Lula e o Palácio do Planalto. O agronegócio ainda é uma exceção, pois não confia em PT de nenhuma espécie. O PSD tenta gerar esta confiabilidade junto a Dilma. Se conseguir, nem essa base que deu vitórias em seus espaços regionais a Alckmin e Serra restará.
7. Bem, é hora de pensar estrategicamente (o que há de futuro no presente, como ensinava Peter Drucker). E com pressa. Ficar sonhando com uma campanha bem “abastecida” e com um marqueteiro genial é marcar um jogo só na Loteria da Virada. Ganhar capilaridade política e eleitoral e desenhar, como ponte, a identidade de sua candidatura a presidente é o básico. E o tempo urge (ruge?).

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Morreu Dona Canô, mãe da música


Dona Canô: 105 anos, Bahia, mãe de Caetano e Bethânia. Tem muito a ser dito sobre Dona Canô, claro. Mas isso já é suficiente. Talvez acrescentar que era amiga do Lula.
Grande perda.

sábado, 22 de dezembro de 2012

Zé Dirceu, bem consciente, diante da prisão que não houve


Muito boa a reportagem de Mônica Bergamo, da Folha, acompanhando, desde as 5,30h da manhã de ontem, aqueles que poderiam ter sido os minutos que antecederiam a prisão de José Dirceu. Seria o Dia JD do chamado “mensalão”. Felizmente, isso não aconteceu. Tudo me pareceu mais uma pirraça do Procurador Geral da República, uma bobagem.
Apesar da tensão natural do momento, Dirceu demonstrou tranquilidade e ainda soube fazer análise da luta política que se trava no país. Belo flagrante da vida real. Abaixo, a reportagem na íntegra.

DIRCEU TEM MOMENTOS DE TENSÃO À ESPERA DA POLÍCIA
Mônica Bergamo

O interfone tocou ontem às 5h30 da manhã na casa do ex-ministro José Dirceu, na Vila Mariana, em São Paulo.
Um de seus advogados, Rodrigo Dall'Acqua, e a Folha pediam para subir.
O porteiro hesita. "Como é o seu nome? Ele [Dirceu] não deixou autorização para vocês subirem, a gente não chama lá cedo assim." Ele acaba tocando no apartamento do ex-ministro, ninguém atende. Dall'Acqua liga para o advogado José Luis Oliveira Lima, que está a caminho. Telefonemas são trocados, e Dirceu autoriza a subida.
Na saída do elevador, o ex-ministro abre a porta de madeira que dá para o hall. Por uma fresta, pede alguns minutos para se trocar.
Abre a porta.
Pega a Folha entre vários jornais sobre uma mesa. Comenta algumas notícias. Nada sobre a possibilidade de Joaquim Barbosa, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), decretar a sua prisão ainda naquela manhã.
Intuição
Está de camiseta preta e calça jeans cinza.
Senta no sofá da sala. A empregada ainda não chegou. Ele se desculpa. Não tem nada o que servir.
"Eu não vou dar entrevista para você, não", diz à colunista da Folha. "Podemos conversar, mas não quero gravar. Não estou com cabeça. Dar uma entrevista agora, sem saber se vou ser preso? É loucura, eu não consigo."
E, diante da insistência: "Estou com uma intuição, não devo dar".
Em poucos minutos, chegam o advogado Oliveira Lima, três assessores e uma repórter que trabalha no blog que o petista mantém.
Dirceu pega o seu iPad.
"Acho que eu vou lá [no escritório do apartamento] fazer um artigo para o blog. Mas falar sobre a situação econômica do Brasil, gente? Hoje? Eu não estou com cabeça." {Nota deste Blog: o Blog do Zé fez 5 posts ontem}
Hora marcada
Os advogados alertam: se houver ordem de prisão, a polícia deve chegar em meia hora, às 6h. Se até as 7h nenhuma viatura aparecer, é porque eventual ordem só sairia mais tarde. Ou então Barbosa não decretaria a prisão (o que acabou ocorrendo).
A Folha questiona se ele já tinha preparado a mala para ir para um presídio. "Eu não. Eu fui procurar, estou sem mala aqui. Achei uma mochila esportiva. Depois o Juca [o advogado José Luis Oliveira Lima] leva as coisas para mim. Ele vai ser a minha babá." No primeiro momento, só os advogados podem visitar o detento.
"Os policiais dão um tempo para a pessoa se arrumar [antes de levá-la presa]", explica Oliveira Lima.
Dirceu diz acreditar que Joaquim Barbosa não determinará a sua reclusão. "Ele não vai fazer, ele estaria rasgando a Constituição."
Diz que não está com medo da prisão. "Eu me organizo. Eu vou voltar a estudar. Vou fazer um mestrado, alguma coisa. E tenho que imediatamente começar a trabalhar na prisão. Até para começar a abater da pena."
"Se eu for para [a penitenciária de] Tremembé 2 [no Vale do Paraíba], dá para trabalhar." O presídio ofereceria as condições necessárias.
"Eu não sou uma pessoa de me abater. Eu não costumo ter depressão. Mas a gente nunca sabe o que vai acontecer. Uma coisa é falar daqui de fora, né? A outra é quando eu estiver lá dentro. Eu posso ter algum tipo de abatimento, sim, de desânimo. Tudo vai depender das condições da prisão. Às vezes elas são muito ruins, isso pode te abater muito."
Leitura
Dirceu ainda não sabe se, na cela, terá acesso a livros, jornais, iPad. "A lei permite, para o preso trabalhar e estudar. Tem gente aí até querendo mudar essa lei. Foi aprovada proibição no Senado, o PT bloqueou na Câmara."
Se puder acessar publicações, acredita que o tempo passará mais rápido. "São 33 meses. Não é fácil."
Analisa que poderá ser colocado numa cela com outro preso. "Isso pode ser bom, mas pode ser ruim também. Vai depender da pessoa."
Escola do crime
Diz que não tem medo de sofrer eventual violência no presídio. "Mas em termos. É um ambiente de certo risco."
Acha que o sistema carcerário nunca vai melhorar. "Isso não é prioridade de nenhum governo, nem dos governos do PT", afirma.
"Nenhum governo nosso se preocupou com essa questão, nenhum Estado se preocupou em ter um sistema modelo. É caro, não tem dinheiro. O governo federal é que deveria dar os recursos. Nós [no governo Lula] fizemos, construímos os presídios federais para isolar os presos de maior periculosidade. Tinha que fazer, senão virava uma escola do crime."
Os advogados consultam o telefone, os assessores leem jornais e a internet em busca de alguma pista sobre a decisão que Joaquim Barbosa em breve tomará.
'Oi, Bonitinha'
"Se ele [Barbosa] mandar me prender, vai pedir para que nos apresentemos, vocês não acham?", pergunta Dirceu aos advogados. "Não vão mandar polícia aqui, eu acho que ele vai dar algumas horas para eu me apresentar em algum lugar."
Atende o celular. "Oi, bonitinha. Você vem aqui me visitar?" É Evanise Santos, sua companheira, que estava em Brasília porque não tinha conseguido lugar no avião na noite anterior. Ela avisa que já está embarcando para SP.
"Para mim é uma tragédia ser preso aos 66 anos. Eu vou sair da cadeia com 70. São mais de três anos. Porque parte [da pena] é cumprida em regime fechado, mas depois [no semiaberto] vou ter que dormir todos os dias na cadeia. Sabe o que é isso?"
"Eu perdi os melhores anos da minha vida nesses últimos sete anos [em que teve que se defender das acusações de chefiar a quadrilha do mensalão]. Os anos em que eu estava mais maduro, em que eu poderia servir ao país", diz.
Luta política
"Eu transformei isso [mensalão] em uma luta política. Eu poderia ter ganhado muito dinheiro como consultor. Poderia estar rico, ter ganhado R$ 100 milhões. Mas é por isso que eu sou o José Dirceu. Tudo o que eu ganhei eu gastei na luta política."
Ele avisa à Folha que o presidente do PT, Rui Falcão, chegará às 7h. E que terá que interromper a conversa.
"Eu sugeri a eles que fizéssemos uma manifestação em fevereiro, colocando 200 mil pessoas na rua". "Eles" são o ex-presidente Lula e dirigentes do PT. Acha que nem todos "da esquerda" fazem a avaliação correta sobre "a disputa política em curso". "É preciso dar uma demonstração de força."
A disputa, no seu entendimento, incluiria a desqualificação não só de petistas, mas da política de forma geral.
Clichê
"Sempre foi assim. Parece clichê, mas em 1954 [quando Getúlio Vargas se suicidou] foi assim, em 1964 [no golpe militar] foi assim. Era a guerra contra a subversão e a corrupção. Depois entrou a Arena [partido que apoiou a ditadura]. Aí sim foi tudo à base de corrupção."
Ele acha que o PT falhou ao não estimular, nos últimos anos, uma "comunicação e uma cultura" de esquerda no país. "Até nos Estados Unidos tem isso, jornais de esquerda, teatro de esquerda, cinema de esquerda. É uma esquerda diferente, deles, mas que é totalmente contra a direita. Aqui no Brasil não temos nada disso."
A classe média está "vivendo num paraíso, e isso graças ao Lula". Mas, ao mesmo tempo, está sendo "cooptada" por valores conservadores.
Já disse a Lula que "o jogo pode virar fácil. Nós [PT] não temos a maioria, a esquerda ganha eleição no Brasil com 54% dos votos".
"É preciso trabalhar. A esquerda nunca teve uma vida tranquila no Brasil nem no mundo. Nunca usufruiu das benesses do poder."
grampos
"De 1889 a 1946, o poder era militar. Tudo era decidido por tenentes e depois pela cúpula militar. Depois, o país viveu seu período político, mas sempre sob tutela militar, até o golpe de 64. Só em 1989 retornamos [civis]. É tudo muito recente", diz.
"Ninguém hoje vai bater nos quartéis. A situação é outra: a esquerda ganha [eleição], mas não tem o poder midiático, o poder econômico. E nós [PT] nunca fizemos política profissional nas indicações do Judiciário, no Ministério Público, como outros governos fizeram. Nunca."
Ele segue: "O Ministério Público e a polícia com esse poder, esses grampos... isso está virando uma Gestapo. Quando as pessoas acordarem, pode ser tarde demais."
Natal
Para Dirceu, a maioria dos empresários não apoia o que seriam investidas contra Lula e o PT. Teriam medo de uma crise política, com manifestações e greves combinadas com uma situação econômica mais delicada.
E o empresário Marcos Valério, pode atingir Lula com suas acusações? "Esquece. Nem a mim ele conhece direito. Nunca apertei direito a mão do Marcos Valério."
Os advogados o chamam na varanda. Dirceu em seguida diz à Folha que precisa encerrar a conversa. Ele ainda esperaria sete horas até que, às 13h30, Barbosa divulgasse que não mandaria prender os réus ontem. Fez as malas e foi passar o Natal na casa da mãe em Passa Quatro (MG).

Boas Festas


quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Pobres Poderes


Faz meses que assistimos incrédulos às sessões do STF. Dividido em duas grandes torcidas, o país passou a dar importância nunca antes vista àqueles senhores togados. Não vou entrar no mérito da disputa, embora tenha posição definida e conhecida. Mas como brasileiro quero dizer que fiquei bem decepcionado com o desempenho desses senhores. Eles se apequenaram, tornaram-se mínimos. Sua vaidade extremada, seu lero-lero, sua empáfia, suas pinimbas, suas caras e bocas, seu aparente despreparo para julgar, tudo isso me chocou e me desanimou. Ainda outro dia conversava com alguns advogados (não eram petistas, até apoiavam alguns resultados do julgamento) e um deles resumiu o que eu, leigo, percebia: “Falta grande jurista nesse Supremo”. É isso mesmo, é um Supremo sem nomes que não dependam do marketing de ocasião para ganharem respeito. Pobre poder, tristemente pobre.
Na mesma esplanada, outro poder já bastante conhecido do grande público, o Legislativo. Tem o mérito de ser inteiramente escolhido pelo povo brasileiro. E já deu na sua história grande demonstração de coragem em defesa do interesse público e da democracia. Embora às vezes cometa deslizes capazes de emporcalhar sua imagem junto ao povo que o elegeu, ainda conta com figuras ilustres, políticos respeitáveis, batalhadores de causas nobres. Mas me digam agora o que é isso que estamos presenciando? Que palhaçada foi essa? Como podem envergonhar a Nação com tanta facilidade? Como podem num piscar de olhos revelar que, ao longo de 12 anos, deixaram acumular a análise de 3.060 vetos presidenciais simplesmente porque estavam sem disposição pra isso? Como podem dar razão a seus críticos com tanta facilidade? É também pobre poder, tristemente pobre..
Ao povo brasileiro só resta lastimar: que podreres são esses?

Em tempo: do Procurador Geral da República já se esperava esse marketing estilo pitbull que adotou. O que não se esperava era esse papel bobo (mas perigoso) de brincar com o destino das pessoas, buscando o artifício do recesso do STF para ameaçar réus do chamado mensalão com prisão imediata. Meu Deus, parece até aqueles tempos em que De Gaulle teria dito: "Le Brésil n’est pas un pays serieux".

sábado, 15 de dezembro de 2012

A campanha de Obama killed the snake and showed the stick


Em abril de 2011, a campanha de Obama distribuiu uma espécie de "vídeo-convocação", onde o coordenador Jim Messina fala diretamente para o cabo eleitoral. Fala de estratégia, da missão de cada um, mostra mapas eleitorais, a conquista do voto um a um (microtargetting) e mostra o que deverá ser o principal confronto de focos em 2012: enquanto os Republicanos deverão focar sua campanha em Obama, os Democratas deverão focar no povo. Enfim, ele fala exatamente o que pretendiam fazer para vencer – e fizeram. Vale a pena ver o vídeo de Messina para aplaudir o bom trabalho pela conquista de corações e mentes de cada eleitor. Clique aqui para reler o post e ver o vídeo.

GLOBO X GLOBO




Alguém precisa ler o Globo em voz alta para quem escreve o Globo. Hoje, na página 2, na sua coluna política mais importante (Panorama Político), o jornal diz que os russos falaram “o que a presidente Dilma queria ouvir” (um investimento de 1 bilhão de dólares na exploração de petróleo no Amazonas). Já na página 45, abrindo a seção de Economia, o mesmo jornal fala de “missão frustrada”, destacando o fato de os russos ainda não terem decidido voltar a importar carne do Brasil. Mas nada disso desvia do principal: Dilma tem 78% de aprovação (recorde), segundo a pesquisa CNI/Ibope que ela ganhou de presente de aniversário...

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Luiz, respeita Januário!


Tempos atrás, pensando nessa música, cheguei a pensar em ter um filho com o nome de Januário.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Luiz Gonzaga e Ravi Shankar: arado X odara




Mais uma explicação para a vitória de Obama: sua estratégia para compra de espaço na TV


Democratas e Republicanos não fazem outra coisa a não ser arranjar explicações para o fato de Obama ter sido reeleito apesar da situação do país não ter sido das melhores durante seu primeiro mandato. O Washington Post de hoje traz um excelente artigo comparando as compras de espaços na TV feitas pelas duas campanhas. A conclusão é simples e direta: Romney gastou mais, mas Obama veiculou mais comerciais e com uma programação bem mais eficiente. Por exemplo, Obama veiculou 13.232 spots nas TVs de língua espanhola, enquanto Romney só veiculou 3.435. No total, de junho até a eleição, a campanha de Obama veiculou 50.000 spots a mais. O que mais surpreendeu nisso tudo foi a decepção com a fama de eficiência de Romney, tido como um competidor fervoroso, que construiu reputação “por produzir retornos impressionantes, com base em forte compromisso com o rigor de pesquisas e análises”.
Dá pra se ter uma boa noção da diferença na eficiência de cada um com esse gráfico, onde o vermelho significa propaganda positiva para Romney e o azul significa a propaganda negativa, no período que vai de 10 de abril a 6 de novembro de 2012. Leia a matéria completa do Washington Post.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Leucemia e HIV - tudo a ver

Em janeiro de 1975, o doutor Robert Gallo anunciou que tinha isolado o vírus da leucemia (a partir desses estudos, chegou-se ao HTLV - Human Thymus Lymphotropic Virus). Eu trabalhava em Nova York e fui lá entrevistá-lo no Instituto Nacional do Câncer, em Washington. Continuando suas pesquisas, ele anunciou, anos depois, que o retrovírus agora conhecido por HIV (Human Immunodeficiency Virus)-1 é a causa da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS). Graças a seus estudos, Gallo é a única pessoa a ter recebido o Prêmio Lasker e ninguém ainda entendeu porque ele foi preterido para o Nobel de Medicina.
Ontem, foi anunciada a cura de uma menina de 7 anos (Emma Whitehead) que estava com leucemia, graças ao uso de vírus tipo HIV desativados, método desenvolvido pela equipe de Carl June, da Universidade da Pensiivânia. Acho difícil que Gallo pudesse imaginar que um levaria à cura do outro, embora seus estudos, me parece, estarem na origem de tudo. Na entrevista que fiz (ouça trecho), ele disse acreditar que um dia será possível controlar (mesmo sem compreender) todas as causas do câncer. Mas que não estará vivo para testemunhar isso. Esse dia parece cada vez mais perto...



sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Marqueteiro Republicano esbraveja: “perdemos porque os brancos ficaram em casa!”



Os Republicanos estão mais perdidos do que ragabola na zaratumba. Até agora não conseguiram entender a derrota para Obama em uma eleição onde consideravam a vitória como líquida e certa. As justificativas foram várias. Razões econômicas, dizem uns. Foi o voto demográfico, dizem outros. Foi o furacão! Foi traição! Foi a propaganda dos SuperPACs! O marqueteiro Dick Morris, em texto distribuído hoje, foi taxativo: “Os brancos ficaram em casa e reelegeram Obama”. Diz ele: “Não é o fato de que os negros, latinos e mulheres solteiras compareceram em números recordes à votação. A questão é que os brancos não compareceram”. E cita números: enquanto a soma de negros e latinos foi 2 milhões a mais do que em 2008, os brancos foram 7 milhões a menos. Ele lamenta que isso aconteceu principalmente entre os idosos, que tiveram apenas 16% de comparecimento.
Dick Morris também cita o furacão Sandy que, além de tudo, teria impedido a realização de pesquisas confiáveis. Segundo ele, Romney estava liderando antes do Sandy, mas foi surpreendido pela famosa foto do governador Republicano Chris Christie ao lado de Obama. O texto fica mais engraçado quando ele usa isso para explicar porque errou suas previsões de vitória para Romney: “Sabem por que errei? Porque sou um pesquisador, não um meteorologista”. E não para por aí. Explica a ausência dos brancos pela incapacidade da campanha de Romney e seus SuperPACs de responder aos ataques de Obama.  “Os consultores republicanos estavam tão enamorados dos anúncios negativos que não consideraram o impacto da mídia de refutação e sua capacidade de desencadear uma forte reação ao adversário. A sua doutrina de sempre atacar – herança dos generais franceses e britânicos da Primeira Guerra – não permite refutações, apenas novas ações negativas. E nós pagamos o preço”.
Aqui entre nós, eles, que são brancos, que se entendam...

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Não morre nunca!



Enfim, veio a notícia que todos temiam. Niemeyer morreu. Quem deu a notícia foi meu filho, Tiago. Corremos, eu, Gisele e Ana Clara, para ver. Ana Clara (que tem 12 anos e que, assim como já fizeram Tiago e Hayle, estuda na mesma escola que Niemeyer estudou) choramingou: "Pensei que ele nunca fosse morrer...". Mês passado, a pedido do Hayle, participei de um leilão e arrematei uma gravura dele. Fiquei emocionado com isso. E penso logo em Maíra, que mora em Brasília. Niemeyer sempre foi uma presença muito intensa. No meu livro "A Arte da Guerra Eleitoral" escrevi sua frase que usarei sempre como se fosse minha: "Minha melhor obra foi ter tido tempo para pensar".

Take Five, Dave Brubeck




segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Morreu o Décio






Foto de Arnaldo Alves,
publicada no Globo

Quando li o seu Teoria da da Guerrilha Artística, acho que foi em 65 ou 66, no Correio da Manhã, se não me engano, minha cabeça revirou. Fiquei fascinado e ao mesmo tempo sem entender bem aquilo. Em 67, em Brasília, quando conheci o poeta Hugo Mund Jr., falamos muito sobre Décio Pignatari e sobre poesia concreta. Criei meu primeiro poema concreto, “Comunicação”, que publiquei no jornal da Universidade. Depois vieram “Blow up, Blow down”, “Olho por olho” e muitos outros, sempre com Décio e os irmãos Campos como principal referência. Já em São Paulo, em 68/69, quando estava na Veja, a presença da poesia concreta foi muito grande. Fizemos boas matérias mostrando o que havia de concreto no tropicalismo, que chegamos a chamar de movimento tropiconcreto. Lembro de uma vez entrevistando o Décio em seu apartamento nas Perdizes, ele falando da superioridade de Caetano sobre Chico como poeta, comparando Resnais e Godard e também mostrando com orgulho um pedaço de grade velha, enferrujada, que tinha na parede, com destaque, como se fosse uma grande obra de arte. Era um pedaço do túmulo do Mallarmé, que ele arrancou de lembrança durante viagem à Europa. Deve ter decidido devolver ao dono...
Uma perda imensa.