domingo, 3 de junho de 2012

Palmas para Gilmar, ele (des)merece!


Ninguém, além dos personagens presentes, pode descrever exatamente o que aconteceu no encontro (casual? proposital?) entre Lula e Gilmar Mendes que gerou tanta polêmica. É uma questão de acreditar ou não acreditar nas versões dos fatos. Eu acredito no Lula. Por sua história, por suas ações, por tudo que fez pelo Brasil. Consequentemente, não acredito em Gilmar Mendes. Mas me surpreendeu a sua ousadia em colocar tanta aversão no ventilador. Que motivos terá tido? Vejo pelo menos dois, que podem até se fundir em um único. Primeiro, de ordem pessoal. Ao sair na frente com a sua versão do encontro, ele ganharia credibilidade (coisa que parece que lhe tem faltado). Segundo, de ordem política. E aí já não estaria agindo por conta própria – estaria a serviço da oposição tucana que busca uma forma de desviar a atenção da questão principal no momento (que é a CPI de Cachoeira), e trazer de volta 2005 com seu "mensalão". Pessoalmente, acredito que os nomes envolvidos no chamado processo "mensalão" não estão tão preocupados em que a sentença - favorável ou não - saia agora ou em 2013 - afinal, o mal maior a eles já foi feito. Perderam seus cargos, perderam sua imagem, agora seja o que Deus quiser. Mais importantes pra eles - e todos nós, claro - é que o desenrolar do processo não seja usado para outros fins, como as eleições municipais próximas. Nessa perspectiva, Lula não teria o menor interesse em influenciar o resultado. No máximo seu interesse seria não misturar a cenografia do julgamento com o momento político, momento absolutamente inoportuno, por tentar influenciar o eleitor, como feito anos atrás. Gilmar Mendes sabe disso melhor do que ninguém. E se é verdade que está mentindo, foi brilhante ao pegar carona no uso político do “mensalão” para melhorar a própria imagem. Ainda tentou se identificar com o próprio Supremo – como se isso fosse possível. Ou melhor, se isso é possível, com certeza esse não é o Supremo que o país espera ter. De qualquer maneira, devemos reconhecer que para quem sempre viveu do marketing das caras e bocas, até que o ministro se saiu bem na tarefa de estimular aversões aos fatos. Ou não?