sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Mubarak sem Mubarak: isso que Obama quer para o Egito é praticamente impossível


Mubarak deu uma chance única a Obama de ajudar na crise egípcia. Bastava convencer a multidão enfurecida de que a chamada “transição ordeira para a democracia”, mesmo com Mubarak no poder, seria viável. O povo disse não. Aí, a equipe Clinton tentou uma jogada de última hora: deixar tudo como está, sem que Mubarak marcasse presença no governo – ou seja, renunciasse. Dessa vez quem disse não foi Mubarak. Ele percebeu que essa fórmula teria efeito dominó: todos que estão no poder perderiam o poder, o caos absoluto se instalaria e só Deus (ou Alá) sabe o que aconteceria – principalmente na relação com Israel.
A equipe Clinton tem que entender que Mubarak detém o poder absoluto, inclusive sobre as forças armadas. O “bom-mocismo” americano é necessário para todos os públicos, mas não vai funcionar para os moços da Praça Tahrir. O New York Times de hoje reconhece que ou Obama rompe pra valer com Mubarak ou mantém-se firme na tese da “transição ordeira” que, aparentemente, não é mais viável. O NYT também diz uma coisa engraçada, que alguns revoltosos estão se sentindo traídos por Obama, que estaria colocando os interesses estratégicos à frente dos valores democráticos!!! Alguma vez isso foi diferente? Em que país? Em que época? Em que planeta? Os Estados Unidos estão num deserto sem camelo e foram eles os únicos culpados. Paparicaram a ditadura Mubarak durante décadas e agora não podem ficar sem ela. Se Mubarak sai, os Estados Unidos possivelmente também terão que sair. Mubarak sem Mubarak, pelo jeito, não existe.