domingo, 21 de fevereiro de 2010

Eleições 2010: quantos palanques o Rio precisa para ter um bom resultado?


Não é na base da matemática que vão ser decididos os números de palanques para Dilma. Às vezes serão necessários mais de um, às vezes não dá para ter dois por hipótese alguma. Em Minas, por exemplo, o bom senso político deixa claro que o palanque tem que ser um só. Minas é importante não apenas para a eleição de Dilma, mas também para o pós-Dilma. PTs e PMDB que tratem de dar um jeito nisso. Acredito (mas não estou inteiramente seguro) que na Bahia e no Rio Grande do Sul os problemas serão mais facilmente superados, com um ou dois palanques.
No Rio de Janeiro é que o “dois pra lá, dois pra cá” dos palanques me parece mais complicado. Começa pelos palanques dos candidatos ao Senado. São pelo menos 5 candidatos de partidos da base do Governo disputando duas vagas: Marcelo Crivella (PRB), Benedita da Silva (PT), Lindberg Farias (PT), Jorge Picciani (PMDB) e Manoel Ferreira (PR). Crivella (talvez o que exige mais atenção de Lula) lidera tranquilamente em todas as pesquisas, mas tem contra ele o tempo na TV (provavelmente menos de 1 minuto) e a rejeição junto à classe média (por ser da Universal) e junto à Globo (por ser ligado à Record). Lula está empenhado em apoiá-lo, mas está difícil. Busca-se uma solução do tipo aliança para o Senado entre PRB e PMDB e chapa independente do PT com Benedita e Lindberg (que no momento travam luta ferrenha pela indicação única do PT, visando aliança com o PMDB) – o que também está difícil. Picciani teme a concorrência de Crivella (o que é uma bobagem: na rabeira das pesquisas, ele só teria a ganhar) e Sérgio Cabral – embora não declare – talvez também tenha resistência, já que poderiam respingar em sua própria candidatura as rejeições a Crivella. Também Benedita e Lindberg não aceitam essa solução, temendo serem os mais prejudicados. E Manoel Ferreira, o fenômeno de 2002, não tem nada a dizer – depende basicamente de Garotinho.
Esse imbróglio de palanques para o Senado salpica nos palanques para o Governo. Sérgio Cabral, que tem chance de ser re-eleito no primeiro turno, poderia, quem sabe, concordar com a aliança do PMDB com Crivella, se Garotinho retirasse sua candidatura, o que lhe daria certeza de re-eleição imediata. Essa solução agradaria ao Planalto, desde que ela não signifique re-aproximação entre Garotinho e tucanos. E aí surge outra questão: em um cenário de segundo turno tanto entre Dilma e Serra quanto entre Sérgio Cabral e Gabeira (embora difícil), em qual palanque Garotinho (que odeia Sérgio Cabral) pisaria? Enquanto essa discussão sobre os palanques aliados se estende eternamente, a candidatura ao Senado de Cesar Maia tende a crescer, como único nome da oposição. Da mesma forma, a dubiedade do palanque de Garotinho prejudica a campanha do super-aliado Cabral e pode ajudar a campanha (ainda bem fraca) do adversário Gabeira. Enfim, as contas dos palanques por enquanto não batem – e o pior é que em política a prova dos nove só acontece depois da eleição...