sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Mudou o tom?

Merval Pereira abre sua coluna de hoje (“Mudou o tom”) no Globo, dizendo: “O presidente Lula, que é um político muito hábil e sabe para que lado o vento sopra, já começou a corrigir o rumo de sua estratégia eleitoral (grifo aqui do Blog), admitindo implicitamente que a corrida presidencial não tem mais chance de ser travada apenas entre a candidata petista, Dilma Rousseff, e o representante tucano, provavelmente o governador de São Paulo, José Serra. Mas ele continua querendo que a eleição seja um plebiscito sobre o seu governo, e agora diz que 'um candidato da base aliada' será eleito, e cita, além de Dilma, o deputado federal Ciro Gomes, que sairia pelo PSB, e a senadora Marina Silva, que disputaria pelo Partido Verde”. É verdade que Lula demonstra saber “para que lado o vento sopra” e é verdade também que toda campanha eleitoral, apesar de exigir sempre uma direção firme, bem estabelecida, não consegue sobreviver viver sem correções. Mas Merval Pereira não está correto quando afirma que Lula “já começou a corrigir o rumo de sua estratégia eleitoral, admitindo implicitamente que a corrida presidencial não tem mais chance de ser travada apenas entre a candidata petista, Dilma Rousseff, e o representante tucano”. A estratégia eleitoral não mudou de rumo. Sempre foi – e continuará assim até o final – uma campanha plebiscitária, onde o povo brasileiro votará “a favor do Governo Lula” ou “contra o Governo Lula”. Portanto, aí se enquadra qualquer nome da base governista – com preferência evidente na candidata petista, Dilma Roussef. Lula fez uma correção tática. Durante as últimas semanas não se viu outra coisa que não fosse ataque frontal à candidata-Ministra, e tirar Dilma de foco foi absolutamente necessário, para que ela não continuasse como alvo de toda a artilharia pesada da Oposição. É verdade que Lula preferia um segundo turno no primeiro (que ainda pode ocorrer), com Dilma representando Lula e Serra ou Aécio representando não-Lula. Mas isso mostrou-se politicamente mais difícil, porque os outros partidos da base acabam se envolvendo menos na campanha, além dos problemas com a falta de número próprio partidário para fortalecer as candidaturas parlamentares. Já falei inúmeras vezes e procurei demonstrar na minha postagem da última quarta-feira ("CNT/SENSUS: Serra em queda, Dilma parada e eleição continua plebiscitária", aliás citada por Merval) que, seja quem for, a eleição será plebiscitária. A marca da candidatura da situação será Lula e a marca da candidatura da Oposição será a do anti-Lula.