domingo, 10 de maio de 2009

Pela reforma de comentários políticos

Vamos colocar claro uma coisa: nós somos representados no Senado, na Câmara, nas Assembleias Legislativas e nas Câmaras de Vereadores, por partidos políticos, não por indivíduos. Se não fosse assim, para que, então, constituir partidos? Resolvi tocar nesse assunto porque a reforma política anda sendo tratada na mídia de forma meio boba. Hoje, em sua coluna, Elio Gaspari investe ferozmente contra a possibilidade de aprovação do “voto em lista” alegando que “pelo sistema de lista, o voto é canalizado para um panelão partidário e são eleitos os candidatos arrolados pela panelinha da burocracia da sigla”. Qual a novidade? A burocracia é da essência dos partidos, com lista ou sem lista. E, aqui pra nós, adivinha por quem são arrolados os candidatos nesse sistema sem lista? Isso mesmo, pelo que o Elio Gaspari chama de “panelinha da burocracia”. Então quer dizer que tanto faz? Não é bem assim. O sistema atual viabiliza muito mais facilmente o político que entra no jogo apenas por interesses próprios, totalmente desvinculado dos interesses comuns. Muito mais facilmente permite as siglas de aluguel. Cria ambiente mais do que propício aos mensalões e outras artimanhas semelhantes. O voto de lista fortalece os partidos e contribui para mais organização, disciplina e para melhor representação de um grupo de eleitores com afinidades ideológicas ou políticas. É bom que se lembre que o voto em lista já é praticado no Brasil em várias situações, como eleições sindicais, de clubes, de direções partidárias, e é também utilizada em outros países, inclusive (de certo modo) nas eleições presidenciais dos Estados Unidos. Não significa o saneamento da política brasileira. Mas com certeza é um avanço. Da mesma forma que será um avanço a aprovação do financiamento público de campanha. O pequeno exemplo que temos já em vigor há alguns anos, o Horário Eleitoral Gratuito, é bastante positivo e deve ser ampliado. No último "Fatos e Versões", a apresentadora, Cristiana Lobo, tentou falar de outro assunto também muito mal abordado, que é o caso de suplentes de senadores que acabam assumindo o posto de Senador sem terem recebido voto para isso. As pessoas acham um absurdo votar em alguém para Senador e, no caso de algum impedimento (morte, doença, cassação, licença, ou seja o que for), ter que ver o seu suplente assumir o seu lugar. Dizem que ele não recebeu voto para isso. Mas esquecem que se trata de uma eleição majoritária, assim como são as eleições para Presidente, Governador ou Prefeito. E não vejo ninguém reclamar dos Vices assumirem no caso de impedimento de Presidente, Governador ou Prefeito. O suplente de Senador é como se fosse um Vice. Precisamos, é verdade, melhorar a qualidade de nossos políticos e de nossa política. Mas isso não se faz com pequenez política.