quinta-feira, 30 de outubro de 2008

César Maia e 2010

Boa análise feita por César Maia sobre o cenário político-eleitoral do Rio de Janeiro com projeção para 2010. Eu diria até que ele apresenta um alto grau de imparcialidade, se é que isso é possível. Algumas observações farei dentro do texto dele, em negrito.
OS VETORES DA POLÍTICA FLUMINENSE APÓS A ELEIÇÃO E 2010!
1. Espacialmente, a política fluminense pode ser dividida em 9 vetores: Capital-Sul, Capital-Norte, Capital-Oeste, Baixada Fluminense, Norte/Centro Norte Fluminense, Niterói/São Gonçalo, Região dos Lagos, Sul Fluminense, e Região Serrana.
2. Na Capital-Sul a referência de Gabeira ficará estabelecida pelo tempo que ele definir um projeto político e então se avaliará o desdobramento. Não deverá ser candidato a governador, mas uma candidatura sua ao senado, se em coligação, reforçará muito esta coligação. Na Capital-Norte e na Capital-Oeste não há vetor político hegemônico, pois as oscilações entre primeiro e segundo turno foram claras, inclusive com inversões em certas áreas e a avaliação positiva do atual prefeito, aí, poderá lhe dar sustentabilidade. O exercício do poder pelo PMDB na capital nestes 18 meses pré-eleitorais definirá sua expressão política, na medida em que não vem tendo referências de opinião pública há anos.
Na verdade, César Maia sonha aqui com a sua candidatura para Governador, coligado com Gabeira para o Senado.
3. Na Baixada Fluminense o fato mais expressivo foram as derrotas do PMDB nos grandes municípios. As lideranças afirmadas dos prefeitos eleitos de Nova Iguaçu (PT) e de Caxias (PSDB) vão desenhar o quadro futuro. O prefeito de Nova Iguaçu será candidato a governador, negociando, com a saída do governador a vice do PT, o apoio do PMDB. Nesse caso se fortalece muito. O PSDB, com o cacife de Caxias, avaliará o quadro político nacional e as coligações que poderá fazer regionalmente com vistas a 2010, já que ainda não tem um nome majoritário para governador.
César Maia não conta com as possíveis alianças por baixo do pano com algumas candidaturas vitoriosas nem conta com a ida de Garotinho para o PSDB (um pouco dificultada agora, por causa dos fatores Gabeira e Kassab). Garotinho com certeza tem apoio de Zito para 2010 e obviamente está sonhando com Gabeira para facilitar os votos da classe média pelos quais ele tanto ora.
4. O PDT reina soberano em Niterói-São Gonçalo e com força eleitoral e lideranças expressivas, será peça desejada no jogo das alianças para 2010. Garotinho ressurge das cinzas e retoma sua trajetória a partir de sua liderança no Norte-Centro Norte Fluminense, com uma base de lançamento muito forte, lastreada pelos royalties do petróleo. O Sul Fluminense sai das eleições municipais sem vetor hegemônico, com as forças divididas.
5. Na região dos Lagos, o PMDB se enfraqueceu ao se dividir e se repete a situação do Sul Fluminense: não há hegemonia. Na região Serrana a surpresa foi a vitoria do PT em Petrópolis, o que, apoiado em nível federal, será um reforço à candidatura do prefeito de Nova Iguaçu a governador.
Esqueceu da importante vitória do PT em Teresópolis, nem tanto por conta do eleitorado (em torno de 100.000), mas sim por seu perfil mais conservador.
6. O jogo para 2010 parte com uma dúvida: se o governador do PMDB sairá para ser candidato a vice-presidente ou permanece e será candidato a reeleição. O prefeito de Nova Iguaçu será candidato de seu partido. O DEM inevitavelmente lançará o atual prefeito do Rio. Garotinho afirma que é candidato de qualquer forma. O PSDB avaliará se reproduzirá aqui a aliança nacional com o DEM, reforçando a candidatura deste a governador, ou não. E o PDT avaliará o quadro estadual até o último momento de forma a buscar a parceira certa com vistas a seu fortalecimento político e parlamentar.
7. Paradoxalmente, os espaços políticos do governador do PMDB se estreitaram muito no Estado desde sua vitória em 2006. Sua avaliação hoje é apenas sofrível, o exercício do poder na capital não é um passeio e o ano de 2009 não ajudará. Será um jogo que já começa animado, esse de 2010.
César Maia sabe que esse estreitamento é relativo. O mais provável é que a administração conjunta do Governo Lula com o Governo Sérgio Cabral e algumas prefeituras fluminenses(a começar pela da Capital, com Eduardo Paes) amplie os espaços políticos. Mas concordo inteiramente com a conclusão de César Maia: "Será um jogo que já começa animado, esse de 2010". As cartas estão na mesa. O jogo só depende do desempenho de cada jogador.