quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

A democracia na era eletrônica, segundo César Maia

No seu Ex-Blog de hoje, o Prefeito César Maia (DEM, ex-PFL, Rio) discorre de forma interessante sobre a dicotomia entre "democracia representativa" e "democracia direta". Ele mostra, com razão, que os novos meios de comunicação da era eletrônica contribuem fortemente para a superação desse conflito. Ele exagera, a meu ver, quando afirma que "a partir de agora termina a dicotomia entre democracia representativa e direta". Veja o texto completo (com mínima intererência minha):
DEMOCRACIA REPRESENTATIVA E DIRETA, NA ERA ELETRÔNICA! 1. Por décadas e décadas debateu-se conflituosamente na esfera política, seja entre políticos seja entre acadêmicos, a convergência ou divergência entre democracia representativa e direta. Setores de esquerda, fora do poder e sem lastro eleitoral, negavam à representação parlamentar legitimidade, alegando poder econômico, compra de votos, demagogia, etc... Como alternativa propunham instâncias de democracia direta, através de associações de moradores, sindicatos, conselhos diversos. 2. Por outro lado, seus críticos reforçavam a democracia representativa, questionando a representatividade dessas associações e conselhos, que seriam na verdade manipulados por profissionais de partidos, que não representavam as bases e que aqueles diminutos grupos ativos que se reuniam, apenas representavam a si mesmos. 3. Em outro corte, os partidos de quadros sublinham a democracia representativa, e os partidos de militantes, especialmente os profissionalizados, reforçam a democracia direta, especialmente quando não têm votos. 4. Com a comunicação eletrônica, esse quadro muda radicalmente. Os políticos têm a possibilidade de serem alcançados a qualquer momento por qualquer pessoa, através de mensagens individuais por e-mail, por web direto, em grupos, em redes, em sites, etc... Podem ter o contato individual ou coletivo com o corte que desejarem. 5. Essa é uma prática de democracia direta cuja representatividade será tanto maior quanto maior interesse o eleitor tiver em contatar o político, interagir e dialogar com ele. O político pode ir desenhando redes - gerais e parciais - e submeter a elas idéias e interagir com as mesmas - desenhar grupos via Orkut, dialogar em tempo real via MSN, etc.... 6. Com isso, a dicotomia democracia representativa e direta desaparece e fica à disposição dos partidos de qualquer tipo usar esses instrumentos de democracia direta explorando a representatividade que o voto lhe deu, tendo seu próprio campo de articulação direta. 7. Dessa forma, os intermediários profissionais que levam e trazem demandas e reclamações da base social e mistificam seu poder manipulando as diretorias que nomearam, que iludem a mídia com nomes e sobrenomes de associações e conselhos, perderam os instrumentos de falsa representação que detinham. 8. A partir de agora termina a dicotomia entre democracia representativa e direta. Passam a ser um todo integrado e único e à disposição daqueles que, tendo voto, passam a ter contatos diretos e a qualquer momento com a população - individual e coletivamente - setorial ou regionalmente, corporativa ou horizontalmente.