domingo, 2 de dezembro de 2007

Até quando vão dizer que o PT tem que discutir o mensalão?

Hoje, foi dia das eleições diretas petistas para escolher seu presidente. E adivinha qual foi o título de uma entrevista publicada pelo Globo? "As diferenças estão debaixo do tapete". Não pertenço ao PT nem tenho procuração para defendê-lo, mas acho que a mídia está fazendo tudo para riscá-lo do mapa. A entrevista, feita com o professor de ética e filosofia Roberto Romano, é uma gracinha. Segundo ele, o PT continua "sem ter resolvido a crise que abalou o partido em 2005, quando veio à tona o escândalo do mensalão". O partido teria adotado a "tática de empurrar a crise para debaixo do tapete, sem punir os envolvidos". Em outras palavras, o PT tem que parar tudo para se dedicar a uma discussão interna sobre o mensalão e punir os "envolvidos". Pelo que conheço do PT, duvido que essa discussão não tenha sido exaustivamente feita. E também acho que os pretensos envolvidos já foram "punidos". O que se quer, na verdade, é que o PT se enfraqueça, entregue os pontos e, ao fazer seu mea culpa, abra caminho para os partidos adversários ocuparem o seu espaço (provavelmente fazendo um "mensalão sem culpa"). Com todo o respeito aos teóricos da ética, o PT, segundo seu Estatuto, "se propõem a lutar por democracia, pluralidade, solidariedade, transformações políticas, sociais, institucionais, econômicas, jurídicas e culturais, destinadas a eliminar a exploração, a dominação, a opressão, a desigualdade, a injustiça e a miséria, com o objetivo de construir o socialismo democrático". A discussão que se coloca - não apenas para petistas, mas para todos os que se propõem uma luta em termos semelhantes - é bem diferente: como governar nessa "democracia representativa" que domina o mundo e está fundamentada na corrupção? Infelizmente, não há como ser plenamente ético e governar com o que temos aí. A discussão não é do PT. É de todos nós.