domingo, 25 de novembro de 2007

Mônica e Renan, o casal ternura

Mônica Bergamo publica hoje, na Folha, pérolas graciosas do livro "O Poder que Seduz", de Mônica Veloso, que será lançado na próxima quarta-feira. Lendo essas coisinhas bobas da Corte, só nos resta balançar a cabeça. Selecionei algumas delícias:
Música, perfume e um certo torpor. Champanhe na mão, conversávamos e sorríamos após o jantar [na casa do senador Ney Suassuna]. (...) O vento agitando as cortinas, o barulho de cristais e porcelanas como rumores longínquos vindos da sala. Era como se fôssemos as únicas pessoas no mundo.
Naquele momento, o senador Renan Calheiros olhou nos meus olhos e passou a dizer coisas que gostei de ouvir (...)
[Num segundo encontro, num jantar, em fevereiro] Seus olhos brilharam quando me viu e, indiferente aos outros convidados, não os tirou mais de mim durante o jantar. Parecia uma criança, estava encantado, feliz. (...) Depois passou a me levar ao Senado, onde eu era tratada com a maior deferência."
Conheci um lobista de Minas que contava aos quatro ventos quais parlamentares estavam na sua folha de pagamentos.
Houve um momento, bem no começo da nossa relação, em que pensei em desistir (...) Renan era mais velho que eu e não tinha o gosto pela cultura, pelo cinema, que eu queria em um homem. Não era antenado com as coisas modernas, não vibrava com as novidades, as tendências, só falava sobre política.
O celular tocou. Era ele, radiante como uma criança por ter tomado café com o presidente.
No mundo pode haver milhões de rosas, mas para o Renan eu era uma rosa única, que ele tratava com devoção comovente.
Como qualquer casal apaixonado, tínhamos nossos códigos, nossos momentos e nossas músicas(...) Nossa música marcante foi a do filme "Lisbela e o Prisioneiro". Misturávamos as nossas vozes com a do Caetano e cantávamos, baixinho, olhando no fundo dos olhos do outro: "Agora, que faço eu da vida sem você? Você não me ensinou a te esquecer. Você só me ensinou a te querer, e te querendo eu vou tentando me encontrar...".
Um de seus sonhos mais freqüentes era ir comigo para o Carnaval da Bahia. Não no camarote: queria ir no chão, no estilo sem lenço e sem documento. Totalmente largado.
O Renan parecia ser o homem que eu sempre mereci.
Parece bobo, piegas, como uma adolescente falando, mas o fato é que amei o Renan loucamente, como jamais pensei ser capaz. Amei com a alma, com tudo que há de mais puro no meu ser.
[Em dezembro de 2003] descobri que estava grávida, carregava no ventre o resultado de meu amor com Renan.
Quando contei sobre a gravidez, ele entrou em pânico. Dizia ser impossível. Afinal, argumentou, não éramos mais crianças. Fiquei muito triste com a sua reação. Pela primeira vez, percebi que o amor era lindo, mas a política, para ele, era tudo.
Eu não acreditava que o homem que eu amava, que de tão meigo comigo passei a chamar de "docinho", agia daquela forma (...) Ele sumiu por 20 dias. Não o procurei. Passou Natal, Réveillon e nada do Renan.
Ele prometeu que depois da campanha do desarmamento se "organizaria", o que em bom português queria dizer que se separaria para ficarmos juntos.
Decidimos, então, que eu me mudaria para uma casa alugada no Lago Norte, e lá vivi como reclusa, preocupada em esconder minha gravidez.
[Uma colunista do "Jornal de Brasília", do Distrito Federal] deu uma nota dizendo que eu estava grávida e a criança era filha do senador Renan Calheiros (...) Pediram-me para redigir uma nota, de próprio punho, negando que o filho fosse do Renan. Escrevi, chorando (...) quando ficamos sozinhos, pela primeira vez vi o Renan chorar.
Amei Renan loucamente, como jamais pensei. Amei com a alma, com tudo que há de mais puro no meu ser.
Carregava no ventre o resultado de meu amor (...)
Então, para me precaver, apenas para o caso de ele se recusar a admitir a paternidade, gravei algumas conversas que tivemos durante a gravidez (...) Nunca usei os diálogos para nada, muito menos para fazer chantagem, como insinuaram.
Continuamos nos relacionando. Ainda havia amor entre mim e Renan, sim, mas o encanto tinha acabado. Desde o final de 2003 eu sabia que ele, ao contrário do que me dizia, mantinha uma relação conjugal estável (...).
Não creio que a humilhação do senador tenha sido maior do que a de uma mulher que carregou uma filha na barriga e teve de se esconder, como se fosse uma criminosa.
Nunca imaginei que diria isso, mas a verdade é que tive orgulho de fazer a "Playboy'(...) A beleza venceu a feiúra, a alegria esmagou a tristeza, o aconchego superou a indiferença.