segunda-feira, 8 de outubro de 2007

César Maia faz boa análise do quadro eleitoral

O Ex-Blog de César Maia enviado hoje tem bons textos. Um deles é o "O QUADRO PRÉ-ELEITORAL DO RIO-CAPITAL, PARA 2008!". Não concordo com uma ou outra coisinha que não vale a pena tratar. Reproduzo o texto na íntegra:
O QUADRO PRÉ-ELEITORAL DO RIO-CAPITAL, PARA 2008! 1. Em geral, os analistas e os políticos, percebem o quadro eleitoral pelo lado da oferta, ou seja, o que farão os partidos, quem serão os candidatos, que alianças...A prática e a teoria mostram, que a análise deve começar pela demanda, numa visão em série de longo prazo, depois ajustada para a conjuntura e referenciada à oferta que devem fazer os partidos políticos. 2. Um exemplo: da metade dos anos 80 à metade dos 90, o PT tinha de 15% a 20% dos votos no Rio (hoje 5%). Porém quando o nome que lançava era o Bittar esses votos concentravam-se nas regiões litorânea e centro-norte (Santa Teresa, Tijuca...). Um eleitor de classe média. Quando o nome era o da Benedita, o eleitor do PT era outro completamente diferente. Estava na zona oeste, nas favelas, etc... a demanda não seguia a oferta. É assim quase sempre. 3. Da mesma forma o perfil e as propostas dos personagens, muitas vezes são percebidas de forma diferente pela demanda que a posição política -de partida- que pretendia ter o candidato. Isso aconteceu com Denise em 2006 e Maia em 1992. Seus personagens foram percebidos pelo eleitorado conservador, como seus. Portanto há que se conhecer bem a demanda e com isso, definir a oferta e apresentar o candidato -em seu discurso e sua imagem. 4. Há décadas que no Rio há um vetor -nunca menor que 20% do eleitorado- que tem inspirado o trabalhismo e o populismo e que está regionalmente concentrado nas comunidades, na alta zona norte e na zona oeste. De inspiração getulista e pecebista -na origem- e brizolista, depois, com a inexistência de sucessores de mesmo personagem foi sendo absorvida em boa parte por um populismo evangélico, desde a eleição de 1992 para prefeito através da candidatura de Benedita. 5. Do outro lado, um eleitorado conservador -de origem católica e depois udenista- que nunca é menor que 20% do eleitorado e que regionalmente se estende pela cidade na faixa de uma classe alta, média-média e baixa, incluindo o pequeno empresário, e se fortalece na região litorânea, corredor central da Tijuca, Penha, Méier e Ilha do Governador (Jardim Guanabara). 6. Esses são pisos e num processo eleitoral a soma deles -a favor de um ou de outro- alcança a 50% do eleitorado. Se somarmos a abstenção, votos brancos e nulos, chegaremos a 70% do eleitorado. 7. Dos outros 30%, um terço ou 10% compõe o eleitorado que alguns chamam de esquerda, mas que na pratica nos últimos anos, é um voto do tipo politicamente correto e que faz racionalmente o voto útil conforme as alternativas. 2004 foi exemplo disso. Com isso 20% dos eleitores são demanda formada em campanha, ou seja, indecisos de partida em qualquer caso- e que serão estimulados pela conjuntura e pelos discursos. 8. Esse quadro sofreu alguma alteração regional em função do governo de resultados e de responsabilidade administrativa, implementado nos últimos 15 anos. Isso atraiu parte de todas as faixas do eleitorado, e desde que o personagem corresponda a essa demanda, o piso nessa faixa é de 20% retirando um pouco de cada lado. Isso ocorreu principalmente nas zonas norte e oeste. Chamemos de centro-pragmático. 9. O quadro pré-eleitoral conta -na faixa "trabalhista-populista" com dois nomes: Crivella e Montes. Na faixa do voto "politicamente correto/classe média" correm dois nomes: Feghali e Chico Alencar. Na faixa do voto "centro-pragmático" deverá estar Solange candidata da aliança de sólidas raízes na política carioca, desde o processo de democratização, e que se consolidou no voto "centro-pragmático", atraindo o voto conservador conforme a oferta em cada disputa. Entram nas entre-faixas os demais candidatos de outros partidos que terão que definir em campanha seus personagens para atrair votos de segmentos que de partida não os identifica. 10. Restam três duvidas: a) que oferta fará o PT? Pela área popular ou pela classe média, engarrafando o vetor dito à esquerda ou o populista? b) Qual será a decisão do PPS, que tanto pode caminhar para um eleitor de classe média e conservadora com Denise ou somando sua marca a outra candidatura e com isso ajudando a atrair voto "politicamente correto", abrindo espaço para que o voto conservador busque seu nicho natural? c) que amplitude terá a oferta "centro-pragmática?" 11. De qualquer forma o campo populista, se desagregado, tenderá a correr o risco de nem no segundo turno estar. Da mesma forma, o campo dito à esquerda, outra vez pode se dilacerar com varias candidaturas. Em ambos os casos há a possibilidade do voto útil e a performance de um candidato -eliminar o outro e concentrar nele os votos de seu vetor de demanda. E finalmente o campo de centro -na medida que amplie seu leque de alianças nas outras direções- e dissolva a espuma das tentativas do PT em desfazer a aliança, tenderá a estar no segundo turno tanto por suas referências reforçadas por sua presença no poder, como pela enorme, e forte capilaridade de suas chapas de vereadores. 12. Poder-se-á transformar este quadro em números de partida, na medida que os partidos decidam por suas candidaturas.