domingo, 5 de agosto de 2007

Pesquisa Datafolha: a inacreditável mídia

Eliane Catanhêde escreve hoje na Folha um artigo sobre a mais nova pesquisa Datafolha (realizada nos dias 1 e 2 de agosto, com 2.096 pessoas) mostrando a inabalável aprovação de Lula e o título é "O inacreditável Lula". É um título que já diz tudo. Fala da confusão mental que tomou conta da oposição, de diversos analistas políticos e da mídia diante dos altos índices de aprovação a Lula, apesar de todo o noticiário negativo dos últimos tempos ("Cai avião, sobe avião; vem crise, vai crise; tem vaia, não tem vaia, e algo continua imutável: a popularidade de Lula"). Inacreditável, para mim, é a falta de percepção política da mídia classe média. Vejamos alguns trechos da reportagem da Folha, de Fernando Canzian, explicando o "inexplicável" contido na pesquisa:
48% acham governo bom ou ótimo, mesmo índice de março
Queda se dá apenas entre os mais ricos e os que viajam de avião; economia e Bolsa Família também ajudam a explicar o bom resultado
Entre março e agora, a taxa de ruim/péssimo do governo apenas oscilou, de 14% para 15%. Em outubro passado era maior: 17%.
Entre as explicações para a não-alteração da popularidade do presidente no período estão o fato de que a grande maioria dos brasileiros é pobre (59,5% têm renda familiar mensal de só até três salários mínimos por mês, ou R$ 1.050) e a constatação de que apenas uma minoria viaja de avião (8%).
Além disso, a situação econômica do país permanece boa, com estimativa de crescimento em torno de 4,5% em 2007. O programa Bolsa Família, que atende cerca de 11,1 milhões de famílias, também ajuda a entender a manutenção da alta popularidade de Lula.
Entre os 8% que costumam andar de avião, o percentual dos que consideram o presidente ótimo ou bom é de 29%, ou seja, 19 pontos inferior à media nacional. Os que definem o governo como ruim ou péssimo chegam a 30%, o dobro da média nacional (15%).
Entre os mais ricos, com renda familiar mensal acima de dez mínimos (R$ 3.500), a avaliação do presidente Lula despencou sete pontos entre março e agora. Mas entre os que ganham só até cinco mínimos (R$ 1.750), ela oscilou positivamente dois pontos - dentro da margem de erro do levantamento. Como a maioria dos brasileiros é pobre, a queda da avaliação entre os ricos (a minoria), não chega a afetar os resultados gerais. No Brasil, segundo a pesquisa, apenas 7,5% da população tem renda familiar mensal maior do que R$ 3.500.
Há uma coisa elementar em política: as questões imediatas - aquelas que são menos genéricas, que atingem concretamente a população, seja positivamente ou seja negativamente - falam mais alto. E quais são as nossas grandes questões imediatas? A chamada crise aérea é uma delas, claro, mas relacionada apenas à minoria da população. A redução da pobreza é outra e atinge a grande maioria da população brasileira.