sexta-feira, 27 de julho de 2007

Nelson Jobim faz plano de vôo para 2010

Quando um político diz "minha mulher não deixa" quer dizer "não penso em outra coisa". E a idéia de candidatura à Presidência da República com certeza já sobrevoa a cabeça de Nelson Jobim há muito tempo. A alta exposição positiva que teve como Presidente do STF dava margem a pensar nessa direção. A tentativa de presidir o PMDB seguia nesse rumo, mas a derrota para Michel Temer mostrou fragilidade política e abortou a decolagem mais ousada. Agora uma nova chance pousou perfeitamente em seu colo. Primeiro, claro, ele terá o que resolver a chamada crise aérea. O que não é difícil. Na guerra das percepções, ele já conseguiu passar muito bem a imagem de "salvador da Pátria". Postura austera, mostrando decisões, comando, disposição para análise e carta branca para mudar o que for preciso. Já conquistou a mídia, está agradando a classe média e até calou a oposição. As condições climáticas estão favoráveis. Mas é claro que ainda existe muita pista pela frente. O mau tempo começará a surgir exatamente entre seus amigos Serra e Fernando Henrique, que verão no seu nome turbulência para os vôos tucanos. Da mesma forma, César Maia e seus "demos" não gostarão de ver seus eleitores conservadores embarcando nessa viagem. O céu nordestino também não será de Brigadeiro. Ciro Gomes vai ligar os sinais de alerta, claro. E o próprio povo nordestino pode se mostrar arredio ao ar imperial de Nelson Jobim que agrada tanto em regiões sulistas. Dois fatores vão contribuir para que Nelson Jobim mantenha as turbinas ligadas: o fato de finalmente o PMDB ter um nome próprio forte para concorrer à Presidência e o seu trânsito fácil no terreno petista, a começar por Lula, Mercadante, Tarso e até, quem sabe, José Dirceu. Mas, como já disse, ainda existe muita pista pela frente e Jobim terá que ter mais combustível para alçar vôo com segurança.