terça-feira, 17 de julho de 2007

César Vaia e os fluxos tardeanos

Em 96, César Maia coordenava a campanha de Luiz Paulo Conde para sua sucessão à Prefeitura do Rio e o adversário era Sérgio Cabral, atual Governador do Rio de Janeiro. Segundo declarou, César Maia estava magoado com Sérgio Cabral, a quem teria ajudado na carreira política e que agora chamava-o de fascistóide. Ele conta em seu livro Política é Ciência (págs. 86-89 ) que certa noite sonhou com Sérgio Cabral e acordou mal. Mas esse sonho ajudou-o em uma de suas espertezas políticas:
Acordei, peguei um carro, junto com um assessor, e fomos para o aeroporto. Aí eu disse: "Sonhei com o Sérgio Cabral e ele dizia: 'César, você está com a razão, vou renunciar, vou sair dessa fria'. Imediatamente eu disse: 'Pegue o celular, liga para o fulano, manda colocar umas 150 pessoas em botequins tomando cafezinhos e dizendo: Eu soube que o Sérgio Cabral vai renunciar. Diz esta frase que é boa'. Dali a três dias alguém veio me dizer: O Serginho vai renunciar, vai renunciar..." (...) Os fluxos tardeanos (referindo-se a conceito do filósofo francês Gabriel Tarde) não são mais do que o boato ou a verdade. Vai contaminando... (...) Fluxos retransmitidos da mesma maneira, por muitas pessoas, acabam contaminando a opinião pública até formarem a opinião pública. (...) Não acredito em formação de opinião pública. Acredito em contaminação de opinião pública, a partir de fluxos individuais.
César Maia sempre soube usar a disseminação de boatos (ou fluxos tardeanos...) como arma política. Não seria difícil para ele espalhar "uma 150 pessoas" para puxar a vaia do Maracanã.