sábado, 30 de junho de 2007

O Complexo do Alemão e a lógica da guerra

Ontem, quem estava mais eufórico com a invasão do Complexo do Alemão pela policia do Rio de Janeiro era o Prefeito Cesar Maia. Exultava e parecia trazer para ele o mérito da invasão. Mas Cesar Maia não falava apenas como um estudioso do assunto, um policiógo (como ele costuma acusas outros estudosos) - externava principalmente o seu pensamento lacerdista, que tanto agrada a classe média conservadora carioca: torcia simplesmente para que agora "bandido corra e tenha medo da polícia". Isso é típico de quem pensa manter a "ordem" com a lógica da guerra, do enfrentamento permanente. Algumas autoridades de segurança não concordam com esse pensamento belicoso e apontam a grande falha da invasão: ter saído em seguida. "Não faz sentido mobilizar mais de mil homens apenas para entrar lá, matar umas 20 pessoas e depois sair", dizem. "Era necessário invadir e manter a ocupação - não com a polícia local, mas com a Força Nacional". E explicam: "a polícia local conhece o tráfico local, onde estão as bocas, as armas, pode fazer parte do esquema, enquanto a Força Nacional vem de fora e por enquanto está imune. Quando começasse a ficar igual à polícia local, deveria ter seu homens trocados". E continuam: "A invasão social deve vir logo em seguida para garantir a pacificação". A diferença está exatamente entre a lógica da pacificação e a lógica da guerra. "Provocar uma guerra agora e além disso com ameaça de levá-la para outras comunidades é um risco para o PAN 2007", alertam. "Lembram do Secretário de Segurança Josias Quintal? Ele caiu quando iniciou a lógica da guerra. Os bandidos metralharam um ônibus de soldados na Maré e, com isso, derrubaram o Secretário". Outra falha apontada foi a do cerco ao Complexo (que tem 36 acessos, "um verdadeiro queijo suíço"). "Não adianta nada revistar crianças e um ou outro suspeito, se também não forem revistados os carros da polícia que entram e saem. O tráfico pode estar se mantendo através deles". Com essa lógica da guerra, destacam-se personagens como o policial fotografado fumando charuto e dando ares de matador. Se continuar com essa lógica, nunca teremos paz duradoura no Rio de Janeiro.