sábado, 14 de abril de 2007

Podres poderes

O assunto do momento é a operação Hurricane (ou Furacão). Todos os jornais, impressos, televisivos, radiofônicos, internáuticos, mostram com destaque e estupefação os resultados dessa grande operação da Polícia Federal que arrebanhou no mesmo saco bicheiros, policiais federais, empresários, desembargadores, advogados, delegados e procuradores da república. Foram 25 ao todo, todos "suspeitos de integrar esquema de jogo ilegal, corrupção, contrabando, tráfico de influência e receptação". Por que não me espanto mais? Essas notícias do mundo da ilegalidade passaram a ocupar o dia-a-dia de todos com uma sem-cerimônia de encher os olhos. Será que a polícia passou a ser mais eficiente e por isso agora mais escândalos vêm à tona? Será que a imprensa está eficiente nas denúncias? Será que os políticos agora estão cobrando mais (no bom sentido, claro...)? Será que é coisa natural do terceiromundismo? "Coisa do terceiro mundo" poderia ter sido uma resposta, mas não é mais. Os escândalos do primeiro mundo também estão em destaque, principalmente na maior economia do planeta, os Estados Unidos. E aí vem uma conclusão ainda mais dramática: a derrocada das instituições, como está acontecendo, coloca em xeque a própria democracia representativa. Como garantir a democracia, com tanta corrupção entranhada nas instituições? Como governar, sem precisar corromper assembléias, câmaras e senados? Como legislar? Como garantir justiça? Como informar com um mínimo de "objetividade" (para usar um conceito já tão discutível...)? Como simplesmente garantir cidadania? Será que teremos que buscar novo sistema político? Ou ainda restam forças para a democracia enfrentar a corruptocracia avassaladora? Ontem, "o bicho pegou" para bicheiros e corruptos, como manchetou o jornal O Dia. Vitória dos "mocinhos". Mas a verdade é que todo dia "o bicho tá pegando" a favor dos bad boys...