sábado, 31 de março de 2007

Bom senso põe fim ao descontrole aéreo

Os controladores de vôo demonstraram que tinham a força. É claro que havia muita exploração política no movimento deles, como apontou Paulo Henrique Amorim (exagerando na comparação com a greve dos transportadores contra Salvador Allende no Chile de 1973). Mas eles tinham a argumentação irrefutável de que é preciso reformular a atividade do controlador de vôo. E a hora era essa. Com o acordo, coordenado pelo próprio Presidente da República, foi possível, além do ganho econômico, o início de negociações no sentido de desmilitarizar a visão essa atividade de importância singular no dia-a-dia do país. Por mais que seja um assunto de segurança nacional - e talvez principalmente por isso - não é possível lidar com o tema com rigidez absoluta. O Ministro da Defesa, Waldir Pires, um civil, tido como progressista e bastante flexível, certamente resolveu tornar-se inflexível porque estava fragilizado, sob pressão da mídia e da sociedade civil. Estava impossibilitado de uma visão mais clara. O comando militar, por sua vez, agiu como agem os militares. Por isso foi preciso que Lula, mais acostumado a lidar com greves difíceis e com uma responsabilidade maior, percebesse a delicadeza do momento e apontasse a linha do entendimento. Provou que para que haja controle no ar é preciso impedir o descontrole emocional aqui na terra.