domingo, 29 de outubro de 2006

O Ex-Blog de Cesar Maia comentado

Gostei de análise feita por Cesar Maia hoje no seu Ex-Blog e reproduzo trechos (com alguns comentários):
O QUE FEZ LULA AMPLIAR A DIFERENÇA QUE TINHA NO PRIMEIRO TURNO? 1. Dizem os historiadores que - em geral - a história é contada pela versão do vencedor. Nas eleições não é diferente. A versão do vencedor nesta eleição será a da polêmica das privatizações e do superior programa de TV, com cheiro de Duda Mendonça, por trás dos panos. Mas a série Data-Folha não ratifica essa versão. (Concordo) 2. A eleição - no primeiro turno - ocorreu no dia 1 de outubro e nela Lula bateu Geraldo por 7 pontos, incluindo brancos e nulos: 44% a 37%. Os demais candidatos somaram 9%. Na primeira pesquisa Data-Folha no segundo turno - dia 6 - o resultado foi 50% a 43%, os mesmíssimos 7 pontos de diferença. Vale dizer: Lula e Geraldo dividiram o crescimento tendo ambos crescido 6 pontos. 3. Os programas de TV entraram na quinta-feira dia 12 de outubro. Dois dias antes o Data-Folha fechou uma pesquisa e a diferença havia subido para 11 pontos. O primeiro debate, o da BAND, ocorreu dia 8. A polêmica da privatização ainda não havia se espalhado. Nos dias 16/17, com apenas 4 programas de TV, e ainda sem a polêmica da privatização em campo, e ao final de um feriado longo, Lula abria 19 pontos: 57% a 38%. Este número é quase exatamente o mesmo das pesquisas seguintes e da de ontem, com mais onze programas de TV e mais três debates e com a polêmica das privatizações se espraiando. 4. Que fatos novos ocorreram antes da diferença subir no dia 16 para o patamar de hoje? O debate da BAND. Mas será que um debate na TV num domingo à noite com audiência média na Grande SP de 14%, e suas repercussões nos dias seguintes, pode explicar esta maior angulação a favor de Lula? Esse Ex-Blog não acredita nesta possibilidade. (Concordo também) 5. A versão desse Ex-Blog se calca nas idéias de Gabriel Tarde, (já aqui apresentadas de forma condensada). Tarde foi o pai da micro-sociologia no último quarto do século 19. Para ele a opinião pública se forma por contaminação, ("les lois de l'imitation"), através de fluxos de opinamento na base da sociedade. Na sociedade de hoje este processo pode ser acelerado pela coincidência desses fluxos de opinamento na base e do fluxo de informações da TV. 6. Estes fluxos eram favoráveis a Geraldo no final do primeiro turno e foram interrompidos ou desacelerados, pela imobilidade de sua campanha na primeira semana, e pela preferência que deu às fotos com políticos. O ideal era ter "ajudado" este fluxo, saindo no dia 2 para tomar cafezinho no centro de Recife, e de Fortaleza, etc...Salvador,... BH,... Rio,... tendo a natural cobertura da imprensa local. Ao ficar imobilizado entre políticos, o resultado do primeiro turno foi sendo cristalizado como se a eleição tivesse terminado ali. (Concordo) 7. O que fez o PT ? Bem, o que esse Ex-Blog vai afirmar aqui ele imagina ter ocorrido em muitas cidades, embora só em três grandes cidades pode afirmar. O PT assumiu compromissos publicitários com meios de comunicação populares e regionais, nessas cidades, que iniciaram um processo de exaltação de Lula, de defesa de Lula e de ataque à imagem de Geraldo. Os pesquisadores terão tempo para fazer esta pesquisa e comprovar para muitas cidades o que esse Ex-Blog acompanhou em três. (Será? Não tenho condições de concordar ou não.) 8. Por outro lado, o eleitor final de HH e Cristóvam era o núcleo duro de suas candidaturas. HH chegou a 12% e terminou em 6%. Nos últimos dias, o núcleo mole dela passou para Geraldo que cresceu 3 pontos acima de sua tendência, com HH caindo de 9% para 6%. Ora, a tendência desse núcleo duro era votar com suas raízes e portanto apontar para Lula. Para que isso não ocorresse a campanha de Geraldo teria que dar razões fortes para não haver essa migração. Além de não as dar ainda cometeu gestos imprudentes como no caso do Estado do Rio - concentração dos votos de HH - onde deu as justificativas ao eleitor de HH e Cristovam (somando no Estado do Rio uns 20%), para perceberem a candidatura de Geraldo como à direita. Esse Ex-Blog chamou o ato de BEIJO DA MORTE ! (Alckmin não teria como conquistar os "núcleos duros". Eu já tinha feito comentários sobre os votos de Heloísa Helena e Cristovam nos dias 2 de outubro em "Erros e acertos": O eleitorado que Heloísa Helena estava conquistando não poderia ser firme. Classe média conservadora e lacerdista que não combina com as propostas de esquerda do PSOL. Era natural que fizesse voto útil pró-Alckmin; e 3 de outubro em "Alianças – que sejam eternas enquanto durem": A classe média conservadora que encheu os dois - Heloísa Helena e Cristovam - de votos não se identifica com as propostas de esquerda do PSOL nem com o brizolismo do PDT. Nessa disputa, Lula deverá herdar a maioria dos votos do PSOL (na reta final, Heloísa perdeu muitos votos com perfil alckmista) e Alckmin deverá herdar a maioria dos votos de Cristovam) 9. Nunca processos de opinião são puros. O provável é que a agregação dos três vetores listados acima, (itens 5, 6 e 7), explique este aumento da diferença de 7 para 19 pontos em 15 dias, definindo um patamar que está sendo rolado até a véspera da eleição. (Faz algum sentido)10. Uma lição para aqueles que acreditam na intuição e nas aparências e na marquetagem. (Concordo inteiramente na crítica deste item)