sábado, 7 de outubro de 2006

Indignados úteis: Moralistas, desinformados, hipócritas

Resolvi copiar essa postagem de hoje do Blog do Mello que, por sua vez, reproduz trechos da coluna da Folha:
Trechos do artigo "Toma, que o filho é teu", de Claudio Weber Abramo, publicado na Folha, e que merece ser lido na íntegra no blog do autor. Abramo traça um perfil irretocável daqueles que costumo chamar aqui de "indignados úteis": O fato de a maioria do eleitorado acreditar (certa ou erradamente, não importa) que o presidente Lula tenha tido conhecimento prévio dos malfeitos praticados por altos dirigentes de seu partido e, mesmo assim, ter-lhe dedicado quase 50% dos votos é visto por determinados observadores como o fim dos tempos. (...)Trata-se, tudo isso, de moralismo temperado de desinformação, não sem grandes doses de hipocrisia. Querem esses comentaristas impingir a noção de que julgamentos de natureza moral teriam precedência sobre quaisquer outras circunstâncias nas decisões materiais, como é a do voto. Mas o que entra em jogo nas decisões materiais são sobretudo considerações de natureza material. Para os 70% de eleitores de Pernambuco ou da Bahia que votaram em Lula, o que conta é que os R$ 60 (em média) do Bolsa Família fazem diferença concreta em suas vidas. Os números mostram isso objetivamente. O nível de consumo subiu nessas populações. (...)O trágico é que esses Torquemadas chorosos não têm noção do fato de que a vida desses miseráveis muda, sim, radicalmente por causa de miseráveis R$ 60 por mês. Nunca foi tão verdadeira a máxima de que a pior colonização se dá na cabeça. No caso, é uma colonização de classe social. Para eles, a miserabilidade brasileira é uma abstração, reduzida a índices que lêem aqui ou ali. Comportam-se como freqüentadores de shopping center, convictos de que no Brasil só é pobre quem quer.São também hipócritas, pois, sem sombra de dúvida, em suas trajetórias profissionais terá havido ocasião de terem relegado a segundo plano algum julgamento moral que formaram a respeito de subordinados, superiores hierárquicos ou patrões.(...)