segunda-feira, 14 de agosto de 2006

Seymour Hersh, da New Yorker, revela o que este Blog divulgou há 2 semanas: a administração Bush planejou a guerra do Líbano com muita antecedência

No dia 1º de agosto, com o título de “Israel não vai parar o massacre”, este Blog divulgou trecho do artigo de Alexander Cockburn, da newsletter americana CounterPunch, “O triunfo do realismo maluco”, onde ele demonstrava que o seqüestro dos soldados israelenses foi apenas o pretexto que estava se procurando há algum tempo. O massacre do Líbano estaria sendo planejado há pelo menos um ano. Desde 2001 o Pentágono teria a lista de 7 países para atacar, dentro de uma planejada campanha de 5 anos: Iraque, Síria, Líbano, Líbia, Irã, Somália e Sudão. Tudo isso faria parte do pensamento estratégico descrito por C. Wright Mills (sociólogo americano) no seu livro The Causes of World War Three, em 1958 (mesmo ano em que Eisenhower enviou seus marines para o Líbano...), como sendo “the crackpot realism” (algo como “realismo maluco”). Agora, o jornalista Seymour Hersh – o primeiro jornalista a divulgar a tortura de presos iraquianos em Abu Ghraib – escreveu na revista The New Yorker um artigo cheio de revelações de altas autoridades americanas mostrando como tudo foi planejado. A guerra faria parte (como também antecipamos aqui) de um plano maior de invasão do Irã. O grupo do vice-Presidente americano Dick Cheney estaria decidido a invadir o Irã como parte de uma estratégia político-eleitoral e, por isso, precisava antes enfraquecer o Hesbolá. As análises que fizeram das forças do Hesbolá estavam erradas e a opção por destruição aérea não deu certo (tentaram imitar o que foi feito com sucesso em Kosovo, mas os objetivos e cenários eram diferentes). Com a derrota de Israel, estão reavaliando o ataque ao Irã – ação que conta com a oposição do secretário de defesa Rumsfeld, que não quer pôr em risco as forças no Iraque (Rumsfeld conheceu de perto a derrota no Vietnã e faz tudo para evitar outra). Leia trechos do artigo de Seymour Hersh ou leia o artigo completo acessando a revista The New Yorker. • “Se a mais poderosa força da região não pôde pacificar o Líbano, que tem apenas 4 milhões de habitantes, é preciso cuidado com o Irã, mais preparado estrategicamente e com uma população de 70 milhões de pessoas, declarou Richard Armitage, que foi da secretaria de estado do primeiro mandato Bush.” • “No começo deste verão, antes dos seqüestros do Hesbolá, várias autoridades israelenses estiveram em Washington para obter luz verde para os bombardeios”. • “A força aérea israelense realizou mais de 9.000 missões até a última semana.” • “O plano israelense, de acordo com um antigo oficial superior de inteligência, era fazer uma prévia do que os Estados Unidos fariam no Irã.” • “Uzi Arad, que serviu no Mossad (serviço secreto israelense), declarou que nunca tinha visto uma decisão pela guerra ser tomada tão rapidamente.” • “Israel estudou a guerra do Kosovo como modelo para ataque aéreo. Os israelenses chegaram a dizer que fariam em 35 dias o que eles tinham feito em 70.”• “Surpreendentemente, o General Moshe Kaplinsky assumiu a operação, substituindo o general Udi Adam. O medo de Israel era que Nasrallah (líder do Hesbolá) aumentasse a crise lançando mísseis sobre Tel Aviv. E aí fica a dúvida: se Nasrallah atinge Tel Aviv, o que Israel fará?”