sábado, 12 de agosto de 2006

Israel perdeu a guerra

AP/Sebastian Scheiner/Le Monde Um dos mais poderosos exércitos do mundo teve que reconhecer a força da milícia Hesbolá, até recentemente considerada um bando de fanáticos despreparados. Pior: o prestígio junto aos Estados Unidos como grandes estrategistas militares foi abalado. Ao aceitar o acordo da ONU com cessar-fogo imediato, Israel admitiu sua incapacidade de cumprir a meta original, que era destruir o Hesbolá. “O Primeiro Ministro Olmert e seu Ministro da Defesa Amir Peretz foram golpeados pela percepção de que conduziram mal a guerra”, diz Steven Erlanger em sua análise no The New York Times (acesse o texto completo aqui; outro texto, de Greg Myre, também do The New York Times, aqui.). Mais grave foi o orgulho que o israelense tem por seu exército, atingido mortalmente. “Haverá pesadas críticas sobre a performance do exército israelense contra o Hesbolá, sobre as falhas em análises estratégicas, em inteligência e em treinamento, especialmente entre os reservistas”. E Erlanger continua: “as críticas serão severas também sobre o despreparo da administração, às voltas com a imagem de milhares de pobres israelenses correndo atônitos, durante um mês, para abrigos antibombas decrépitos, sem serviços públicos ou suprimentos adequados”. Com o cessar-fogo da ONU, os estrategistas Bush-israelenses ganharão tempo para se recuperar da derrota e se preparar para nova batalha – certamente contra o Irã –, dentro do pensamento do “realismo-maluco” (“the crackpot realism”, conceito do sociólogo americano C. Wright Mills já exposto neste Blog, na postagem “Israel não vai parar o massacre” do dia 1º de agosto). Infelizmente, a derrota (ou a vitória) de Israel não significa paz para a região. Tanto o povo israelense quanto o povo árabe, tanto judeus, quanto católicos ou muçulmanos, todos continuarão sua guerra insana, na disputa por água, petróleo, religião ou areia. O povo israelense não agüenta mais viver inseguro, o povo libanês (ou palestino) não agüenta mais viver na miséria. Mesmo assim, por muitos e muitos anos, todos continuarão a perder a guerra.